Somos
Como que acorrentada à beira do caixão, uma viúva ruminava a enxurrada de pêsames vomitados por aquele bando de desconhecidos.
Era nova ainda, conservada como uma bem guardada compota de doces. Trazia na cara lascivos lábios vermelhos e tentava, sem muito sucesso, espantar discretamente uma grande mosca azul que vez por outra inspecionava o rosto do falecido.
O vestido de cetim preto colava-se às suas carnes, ainda duras; acariciando os seios fartos, escorregava sem nenhuma cerimônia por dentro das coxas bem torneadas, como um homem de mil braços e quinhentas, talvez oitocentas, mãos.
A mosca azul, finalmente desistiu, levantando vôo. A mulher a seguiu com um olhar até a entrada da sala.
Lá havia um menino. Mocinho ainda. Forte, rígido. E vivo.
Suas pernas amoleceram frente àqueles cabelos loiros, àquela pele inocente e diabólica; frente àquele personagem de Visconti.
Até que os cabelos loiros a encararam. E a viúva sentiu-se ensopar.
Seus lábios vermelhos, apesar de quentes, permaneceram selados. Ela apenas indicou com a cabeça o caminho do banheiro e o menino a seguiu, como uma ovelha obedecendo a um cão pastor.
Trancou-se a porta, baixaram-se calças, subiram-se vestidos. E a mulher foi aquietada.
Angustiadamente feliz por aquela repentina lufada de vida no meio de tanta morte, ela cravou suas unhas, também vermelhas, na bunda branca do menino. Grega como uma estátua.
No caixão, a mosca azul já passeava decidida sobre os lábios pálidos do defunto. Forte, rígido. E morto.
Era nova ainda, conservada como uma bem guardada compota de doces. Trazia na cara lascivos lábios vermelhos e tentava, sem muito sucesso, espantar discretamente uma grande mosca azul que vez por outra inspecionava o rosto do falecido.
O vestido de cetim preto colava-se às suas carnes, ainda duras; acariciando os seios fartos, escorregava sem nenhuma cerimônia por dentro das coxas bem torneadas, como um homem de mil braços e quinhentas, talvez oitocentas, mãos.
A mosca azul, finalmente desistiu, levantando vôo. A mulher a seguiu com um olhar até a entrada da sala.
Lá havia um menino. Mocinho ainda. Forte, rígido. E vivo.
Suas pernas amoleceram frente àqueles cabelos loiros, àquela pele inocente e diabólica; frente àquele personagem de Visconti.
Até que os cabelos loiros a encararam. E a viúva sentiu-se ensopar.
Seus lábios vermelhos, apesar de quentes, permaneceram selados. Ela apenas indicou com a cabeça o caminho do banheiro e o menino a seguiu, como uma ovelha obedecendo a um cão pastor.
Trancou-se a porta, baixaram-se calças, subiram-se vestidos. E a mulher foi aquietada.
Angustiadamente feliz por aquela repentina lufada de vida no meio de tanta morte, ela cravou suas unhas, também vermelhas, na bunda branca do menino. Grega como uma estátua.
No caixão, a mosca azul já passeava decidida sobre os lábios pálidos do defunto. Forte, rígido. E morto.
8 Comments:
Caralho, esse foi de matar! Sabe que eu sempre penso em comprar um jazigo naqueles cemitérios em forma de jardim, bem próximo à cantina para que os amigos possam tomar um café enquanto falam mal de mim. Provavlemente vai chover, como é comum em grandes ocasiões e a centena de viúvas presente não sofrerá com a terra a estragar seus salto-agulha.
Pô! Excelente!
Abrs.
Tem razão, é a minha cara.....uebaaaaaaaaaaaaaaaaaa, adorei.
ai djilicia!
Hmm I love the idea behind this website, very unique.
»
comi sem do mesmo... nenhuma.
minha mae sempre me disse: 'filho, aproveita enquanto esta quente'...
frio, so o defunto... haha
b.
intenso !
gostei.
I'm impressed with your site, very nice graphics!
»
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