Thursday, July 27, 2006

Acalanto*

Bicho-papão,sai de cima do telhado...
Cantiga popular



“ Mãe? Acorda, mãe. Deixa eu dormir aqui com a senhora? Só hoje, mãe. Tava lá. Em cima da casa, mãe. Eu escutei a telha gemer. Se arrastou, mãe. Se arrastou pela calha e enfiou a cabeça bem na minha janela. Eu nem me virar precisei. Pra saber. Tinha era olho amarelo, mãe. Eu me cobri com o lençol e pedi pra ir embora. Mas foi não, mãe, foi nada. Eu rezei como a senhora mandou, juntei as mãos e pedi pro menino Jesus mandar embora. Mas ficou na janela, mãe, de cabeça pra baixo. Eu sentia respirando, mãe, sentia. Quase gente, só a senhora vendo, mas meio torto. Uma mancha véia preta cabeluda que nem em pé ficava direito, levantou foi ainda com as mãos no chão. Por que, hein, mãe? A senhora tá acordada? Eu vim dormir aqui, mãe, porque desceu da telha, mãe, sem quebrar, como se fosse um gato e entrou no meu quarto, mãe. Desceu de cabeça pra baixo e caiu, capengado, do ladinho da minha cama. Rezei, mãe, rezei muito. Mas aí eu senti foi um suspiro grosso arquejando nas minhas costas, mãe. Fedia tanto...Eu fiz coisa errada, foi, mãe? Fiz? Tentou relar a pata em mim, mãe, queria me pegar, mas eu corri e vim aqui falar com a senhora...Manda ele embora, mãe, manda ele embora...

...da porta do seu quarto.”
*Nas minhas andanças pelo orkut descobri uma comunidade fabulosa chamada "escritores de terror". Num tópico, questionaram as lendas brasileiras e como podiam ser utilizadas pra assustar. Topei o desafio. Vez por outra vocês, meus queridos e fiéis leitores, vão encontrar nesse blog releituras de coisas antigas que nos assustavam. Divirtam-se...
...e dêem uma olhada embaixo da cama.

Monday, July 24, 2006

À beira da estrada


As lâmpadas que restavam na velha placa de néon ainda piscavam do lado de fora do bar, tentando resistir bravamente. Dentro, eu e ele; olhos vez em quando nos olhos, vez em quando nas cartas, buscávamos ases.
Ao redor da mesa, as pessoas nem respiravam. Todas, sem exceção: caminhoneiros e putas, assaltantes, e o barrigudo proprietário, esperavam o fim daquele jogo. Porque ninguém ganhava de Luizão. Até então.
Eu tinha chegado lá meio por acaso, perdido em mais uma viagem sem sentido pelo interior do Brasil. Uma daquelas viagens de busca interior, ridiculamente hippie em pleno século vinte e um.
Boléias de caminhão, andanças, solavancos empoeirados de estradas esburacadas, paisagens maravilhosamente diversas que duravam apenas alguns instantes, me anteviam um promissor futuro de descobertas, segredos bandeirantes. Até que a porra de um assalto, que tinha começado numa carona, me deixou meio morto meio vivo às portas daquela placa de néon. Era cedinho já quando eu acordei, no chão, virado pra cima aos pés de um velho barrigudo, fedorento, e de bom coração, que me colocou pra dentro e me deu de comer.
Sem nada meu, fiquei trabalhando por lá mesmo, fazendo de tudo um pouco, até que conseguisse dinheiro pra voltar. Nunca pediria nada a minha mãe, ela foi a primeira a dizer que essa viagem não era pra mim, que eu ia voltar pra casa em uma semana com o rabinho entre as pernas. Não sei que dia é hoje, mãe, mas com certeza já faz mais de uma semana que saí de casa.
Luizão, de olhos fixos nos meus, baixa suas cartas ensebadas. Alguns quatros, perdidos entre setes e seis. Ouros e paus se misturam, ao redor de um inútil dez. Ouço a multidão suspirar em ondas, num mar de perplexidade enquanto acaricio, sem perceber, a família real oculta em minhas mãos, súditas de um solitário, mas eficiente, ás. É. Aquele era o dia de Luizão.
Olhos nos olhos, deito minhas cartas sobre a mesa.
E sinto o chão escapar debaixo dos meus pés.
Mas como?
Das minhas mãos ao pano verde, a família real torna-se um seco número um, alguns dois e um três. Plebeus, a zombar da minha derrota.
Como?
Sério, mas com um meio-sorriso a surgir no canto da boca, Luizão me estende a mão. Uma mão encardida, com pêlos escuros e grandes unhas amareladas. Uma mão que eu aperto, selando nosso acordo.
É. Eu perdi.
Levanto-me, e as pessoas ao redor da mesa afastam-se, num harmônico gesto.
Luizão se despede do dono do bar com um discreto aceno de cabeça, segurando o chapéu, e cruza a porta, em direção ao seu caminhão.Eu o sigo.
As pessoas me avisaram que ele sempre ganha, mas eu, incrédulo, decidi jogar. Pensamos que nunca acontecerá conosco, não é mesmo?
A grande porta escura do caminhão se abre e eu subo. Da janela, vejo pela última vez os olhares resignados das pessoas do bar. Amontoadas embaixo da placa de néon, elas esperam sua vez de jogar. Um assustado, mas obediente, rebanho de almas.
“Você sabia que eu perderia.” – murmurei, derrotado.
“Mas ainda assim você quis jogar.” – respondeu ele, firmando os pés nos pedais.
“E por que me fez pensar que ganharia?”.
Dessa vez ele não respondeu. Mas eu sei. Talvez a esperança seja nosso prêmio de consolação, um ilusório coringa recebido por debaixo da mesa, no momento da cartada final.
“Ninguém ganha de Luizão.” – repito pra mim mesmo, enquanto o caminhão negro segue, devorando a estrada.

Thursday, July 20, 2006

Nove meses


A mulher esfregava nervosamente a base do último cigarro do maço. Olhava o relógio e esperava, enquanto a criança chorava no quarto. Jogou fora as cinzas.Cinco minutos. Faltavam apenas cinco minutos para a chegada que não foi prometida. Apenas suposta. Uma presença que só existia realmente na sua esperança.
Relembrou a quinta-feira. Exatos nove meses atrás. Chovia muito. Os bueiros entupiram e ela tinha dormido mal. Foi atravessar a rua larga e esbarrou em alguém, que caiu no chão. Uma mendiga. Ela levantou-se e olhou a criatura. Sentiu um imenso desprezo. É interessante como este tipo de sentimento reflete-se no olhar com tamanha facilidade, arrependeu-se agora. A mendiga também a olhou do chão. Não com desprezo. Mas com raiva. Raiva. Pareceu sorrir quando notou a gravidez. Apoiou-se rapidamente na saia do seu vestido e antes que a mulher pudesse reagir, levantou-se, tocando a mão espalmada na barriga protuberante. E falou. No princípio parecia alguma palavra feia. Agora, ela preferia que realmente fosse. Preferia qualquer coisa. Assustada, empurrou a velha, que sumiu tão depressa como apareceu. Permaneceu ainda um pouco parada, na chuva, tentando entender o que acontecera. Procurando não acreditar no que já sabia.
Tudo aconteceu tão rápido. Se ela tivesse ficado em casa naquele dia. Se não tivesse esbarrado na velha...
Tornou-se um caso raro. Os médicos podiam ouvir o bebê. Mas não conseguiam vê-lo. Tentavam acalmá-la dizendo que a criança estava bem. Estava tudo bem. Marcaram o dia do parto, e ela andava nervosa. Terrivelmente nervosa.
A sala foi preparada. Seu marido decidiu acompanhar o nascimento e segurou-lhe a mão. Ela sorriu, virando a cabeça na direção da porta envidraçada. Foi então que viu a velha mendiga. Rindo. E gritou. Foi sedada, só acordando com o choro do bebê. "Ele está bem?" - perguntou."O meu filho está bem?". Sério e pálido, assim como toda a equipe, o médico respondeu hesitante: "Está". A última coisa que se lembra foi da criança lhe sendo entregue.
Faltavam dois minutos. O menino dormia. Ela sonhara a noite toda com a mendiga. A cena se repetia com a crueldade e a sensação de impotência de todos os pesadelos. Mas da última vez foi diferente. A velha dizia-lhe algo. Falava sobre uma saída. Um remédio. Na hora certa. Faltava apenas um minuto. Ela pegou o menino no colo e o balançou. "Ela virá" - pensou, enquanto cantarolava para que ele voltasse a dormir. "Ela virá".

Monday, July 17, 2006

Sentença


Dançarás. – disse o anjo – Dançarás sempre!
Os sapatinhos vermelhos - Andersen

Em cima da folha de papel, partiu-se a ponta do lápis. Já não tão dono de si, o homem esticou por uns instantes as juntas dos dedos e gemeu. Há quanto tempo escrevia? Duas semanas? Dois meses?
Dois anos.
Surpreso e assustado, jogou o que sobrou do lápis preto número dois na montanha de lápis pretos números dois empilhada perto da mesa e respirou fundo. Por uns instantes, repousou seu olhar numa outra montanha aportada ao lado. Papéis. Inúmeros. Palavras, letras, frase, sentenças corretas, corretíssimas, já escorriam das folhas de cadernos, dos sacos de pão e de supermercado, das roupas, e, sorrateiras, percorriam cada centímetro daquelas paredes um dia tão brancas, meu Deus.
“Escreva”.- pediram-lhe.
E ele obedeceu. Catou na prateleira inteiramente caligrafada um novo lápis preto número dois novo e apontou-o.
Mas, onde? As letras dominaram até os recantos mais esquecidos do apartamento: escondidas nos rodapés e deitadas sobre as camas, já começavam mesmo a serpentear pra fora das portas...
“Escreva”.– ordenaram-lhe.
O homem então, já sem amigos, emprego ou mulher, sentou-se na mesa, e mais uma vez ligou a lâmpada, arregaçando a manga da camisa.
Por fim sorriu, realizado, ao desenhar na pele virgem do seu antebraço um perfeito e sangrento “A”.

Monday, July 10, 2006

Maria e João


Éramos amigos já fazia algum tempo. De comum, Maria só tinha mesmo o nome. Sempre foi uma menina diferente, a minha figurinha premiada. Subia em árvore, fazia pipa, jogava biloca como ninguém, acertando com maestria os mais difíceis buracos.
Andávamos sempre juntos; unidos, como pedra e baladeira: “menina e menino, quem já viu uma coisa dessas?” - resmungavam as pessoas daquela época. Mas eu não me importava, porque as horas ao lado de Maria pareciam escorrer, como areia, por entre meus dedos. Só lembrávamos de voltar pra casa quando soavam os berros da minha mãe. Da minha. Maria parecia não precisar de mãe ou de berros. Quando se aproximava a hora de jantar, ficava parada por alguns instantes, ouvindo um sussurro inaudível, como um animal farejando o perigo no ar, e acabava por correr pra dentro de casa numa pressa desabalada, quase sem se despedir de mim.
Um dia, sem mais nem menos, passei a acompanhá-la até em casa usando como desculpa o cínico argumento de que uma menina não deveria andar na rua sozinha àquela hora. Uma criança comum, talvez. Mas não Maria. Não uma menina que tinha fogo no cabelo e asas nas solas dos pés.
No começo, Maria ainda tentou me dissuadir, enxotando-me com simpatia, como quem dispensa um cachorro de rua. Mas eu permaneci firme. E acabei por merecer entrar em sua casa.
O que eu vi além daquelas portas foi mais do que eu esperava: um lugar demasiadamente bonito, bem arrumado, uma verdadeira casa à moda antiga; uma casa de cinema, pensei, esticando ao máximo o alcance da minha referência infantil.
Até que, numa certa feita, acabei demorando mais do que devia e precisei jantar por lá mesmo. A surpresa preencheu-me olhos e boca, tudo era simplesmente o oposto do que tínhamos na mesa da minha casa; na casa de Maria jantávamos doces, bolos, sorvetes e mesmo os tão temidos refrigerantes, enquanto assistíamos a desenhos que só pareciam existir na televisão daquela sala.
Era tudo muito simples: Maria perguntava o que eu queria e então sumia cozinha adentro, pra voltar em segundos, trazendo as mais variadas guloseimas desejadas por mim. Sempre com a ordem de que eu me sentasse, a cozinha andava muito desarrumada.
Pra tristeza da minha mãe e de suas sopas, passei a jantar naquela casa todas as segundas, terças e quintas. As minhas calças já encolhiam a olhos vistos, na mesma proporção que minha silhueta se arredondava.
Quando somos crianças, o melhor a se fazer é permitir, sempre. A proibição despeja sobre o que quer que seja uma vistosa calda de chocolate e mistério, tornando interessante até mesmo um prato de salada, verde como grama.
Maria nunca deveria ter me impedido de entrar na cozinha.
Desde aquele dia, as delícias que me eram oferecidas nos seus jantares, até então especiais, foram perdendo muito do seu sabor assim que eu pensava no que poderia existir fora dos limites daquela mesa tão bem arrumada; daquela sala à moda antiga.
Um dia, afinal, tomei coragem e disse que gostaria de mais um gole do refrigerante, levantando-me para buscar. Claro que Maria, mais uma vez, deu a desculpa da cozinha desarrumada e tentou barrar-me com a palma de sua pequena mão.
Mas você nunca, nunca deve proibir uma criança.
Eu ainda podia sorrir quando num drible digno de palmas, aprendido nas peladas do campinho, contornei-a e invadi o tão desejado aposento.
As coisas que vi esgueirando-se daquelas paredes nunca mais me deixariam em paz.

Monday, July 03, 2006

A estrada


“No meu caminho, o tempo é cada vez menor.”
Roberto Carlos








- Falta muito, pai?

Estavam no meio da tarde. O sol a pino derramava-se inclemente sobre a estrada deserta. Sim, ainda havia combustível, mas por quanto tempo?

Eram cinco. Pai, mãe, duas filhas e um filho, seguindo pra.


- Falta muito, pai? – perguntou a menina mais velha, que se mantinha acordada.

- Estamos quase chegando. – mentiu ele.

O motor do carro parecia devorar a estrada enquanto o filho mais novo derrotava alienígenas no seu gameboy. Aninhada no colo da mãe, como um pardal abatido, estava a mão direita do pai.

- E a gente tá indo pra onde? – dessa vez foi o menino que perguntou, liberto por uns instantes da tela do jogo.

Os pais trocaram um olhar angustiado, num momento que durou cem anos.

- Pra casa de vovó, meu amor. Não vai ser massa? – sorriu a mãe, com a voz embargada.

Era mentira, eles não faziam a menor idéia pra onde estavam indo. Só entendiam que precisavam deixar a casa pra trás, o mais rápido possível. Porque na cidade, as ruas já andavam apinhadas de gente morta, e as pessoas que sobraram vivas refugiavam-se em grupos, invadindo primeiro apartamentos vazios, depois, qualquer um que parecesse frágil. Talvez aquele em que morassem crianças pequenas.

A mãe soltou o cinto num clique, virou-se pra filha menor, que tinha dormido toda a viagem, e esticou o braço, afastando-lhe do rosto uma mecha de cabelos suados. Por uns instantes sentiu inveja da ignorância da menina. Só as crianças ainda podiam dormir em paz.

O pai correu os botões do rádio em busca de uma estação. Qualquer estação. Era inútil, só parecia haver estática. Até que reconheceu uma voz, um murmúrio de uma doce e conhecida canção.

- É..? – perguntou a mulher, mais pra si mesma do que pra o marido.

- Sim. – respondeu ele, sorrindo.

- Que estação é essa? Uma rádio não funciona sozinha! Deve haver alguém! – disse, esperançosa.

Seria mais fácil discarem os celulares em busca da confirmação, mas naqueles tempos, todos já tínhamos sido arrastados de volta às cavernas, pelos cabelos, como as mulheres neandertais. Já não havia mais torres de celulares, e ainda que houvesse, não havia mais atendentes chatas, nem mesmo números confusos a acompanhar.

- A gente precisa ir até lá! É a única que funciona...talvez alguém...

- Não podemos arriscar. Não temos tanto combustível assim pra voltar daqui.E a estação deve ficar na cidade, não é seguro.

- O quê que não é seguro, pai? – perguntou a menina mais velha, preocupada.

- Nada, meu amor, nada. – disse a mãe, tentando sorrir-lhe um sorriso tranqüilizador. – Agora durma um pouco.

O aviso tinha se espalhado muito rápido, através de emails apocalípticos, mas custamos a acreditar num primeiro momento, e os apagamos junto com aqueles que prometiam emagrecimentos milagrosos e anunciavam propagandas de seguro. Até que começamos a morrer como moscas.

- Mas eu nem tô com sono... - disse a menina, virando o rosto pra janela.

Em pouco tempo a cidade tornou-se um pandemônio. Mesmo os que conseguiam fugir acabavam sucumbindo. Sempre havia alguém infectado numa lista de passageiros, num assento de ônibus.

A música do rádio acabou e outra começou quase imediatamente depois. Era o mesmo cantor, a mesma voz. Ele teria sobrevivido?

- Venci os etês, pai! Venci! – disse o menino, feliz.

- Muito bem, rapaz! – respondeu o pai numa voz opaca. Assim como sua mulher, teve muita inveja de seus filhos naquela tarde.

No auge do desespero, muitos abandonaram suas casas, outros saquearam comércios, shopping centers, igrejas. A comida rareava, a maioria das plantações e mesmo produtos de supermercados tinham sido contaminados. Mas quais? Ainda existiam rumores de que a fome tinha obrigado as pessoas a. Tudo bem que eram apenas rumores, mas os que permaneceram vivos tinham aprendido da pior forma possível a acreditar em rumores.

- E cadê os outros carros da estrada, pai? – perguntou o menino, ainda feliz por defender a Terra da invasão.

- Eu não sei, meu filho. – o pai sentiu-se feliz por poder usar da sinceridade pela primeira vez em muito tempo.

- A estrada é só da gente, pai?

O pai calou-se, aumentou a velocidade e apertou com força a mão no colo da mãe. Em silêncio, ela rezava pra que os seus parentes tivessem resistido, e agradeceu pela primeira vez a distância daquela casa, pela primeira vez ficaria feliz em subir aquela serra. Mas a dúvida ainda se infiltrava na sua cabeça maldosamente, como uma porção de água jogada num terreno de areia seca. Teria a sua mãe sobrevivido?

- Mãe...- disse a filha mais velha, numa voz assustada demais pra ser ignorada. – Ela tá gelada.

O susto fez o pai instintivamente enterrar o pé no freio, e a mãe acabou por bater o nariz no painel do carro com força, deixando uma discreta mancha de sangue.

Não.

"A menina mais nova tinha dormido toda a viagem. Dormido. Andava cansada."

Todos saíram do carro trêmulos, angustiados. Puxaram-na pelos ombros. Duros. Frios.

Não.

"Sempre havia alguém infectado numa lista de passageiros, num assento de ônibus."

No banco de trás de um automóvel.

Estavam quase no fim da tarde. O sol já se deitava sobre o horizonte daquela estrada deserta. Havia muito pouco combustível.

Eram quatro. Pai, mãe, uma filha e um filho, seguindo pra.